– Como e com quem iniciou o estudo da música?
"Aprendi música com o Maestro Nilo Rodrigues, da Lira Operária de Bom Jesus. Fui um dia na Lira apenas para acompanhar um primo, José Alcy, e nos ensaios recebi convite do maestro para participar também. Estudávamos na varanda da casa do Nilo, em Bom Jesus do Norte, que ficava pequena para muitos músicos. Comecei estudando o ABC musical, e depois recebi o P. Bona, método de divisão musical."
– Como se tornou Instrutor da Banda Marcial Olívio Bastos, do Colégio Rio Branco?
- "Tudo começou quando Dr. Luciano Bastos, à procura de um novo instrutor para a Banda do Colégio Rio Branco, procurou o maestro Nilo e ele indicou o meu nome. Chegando na escola, pude conhecer a Sala da Banda, cheia de instrumentos, como tarois, trompetes, trombones, tubas, bumbos, surdos, pratos, tambores, liras e escaletas. Fiquei muito entusiasmado, mas ao mesmo tempo receoso, diante da grande responsabilidade: preparar a Banda Marcial Olívio Bastos para a comemoração dos 80 anos do Rio Branco. Minha primeira providência foi fazer a limpeza e a reforma de alguns instrumentos."
– Onde eram os ensaios?
- "Os ensaios eram feitos na quadra da escola, e aconteciam duas ou três vezes por semana. Havia muita integração entre os alunos, todos muito motivados em fazer bonito no dia do desfile. Muitas vezes Dr. Luciano aparecia para nos ver tocar na quadra."
- A Banda tinha coreografia?
- "Sim. Passamos a ensaiar a coreografia dos músicos e também das meninas que levavam as bandeiras; havia disputa entre elas para levar a bandeira do Brasil, e a escolha era feita por meio de um sorteio. As balizas também ensaiavam. Lembro que a Samanta Miranda foi baliza e também "secretária" da banda, responsável pelas anotações."
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Prof. Adriano e os alunos da Banda Marcial Olívio Bastos. 2000. Acervo ECLB. |
- Como era a participação da Banda nos desfiles?
- "Sempre foi muito especial. O diretor, Dr. Luciano Bastos, ia à nossa frente. Depois da apresentação, a Banda continuava concentrada na praça, dando suporte para o desfile das escolas que não possuíam banda; era também uma oportunidade de observar e aprender com as dos outros colégios, como a do C.E. Padre Mello. Ao final, seguíamos o entorno da Praça, e quando passávamos em frente ao Chopin o público pedia para repetir toda a coreografia, aplaudindo. Um momento bacana era a confraternização no Colégio após os desfiles, quando era servido um saboroso lanche para os alunos. Certa vez Dr. Luciano nos levou ao restaurante Marrom Glacê, para um lanche com hamburguer, cheestudo, etc. Os alunos adoraram!"
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Banda Marcial Olívio Bastos iniciando o desfile, descendo a rua José Carlos de Campos, sob o comando de Adriano de Jesus Oliveira. Agosto de 2008. Acervo ECLB |
– Lembra de algum imprevisto durante os desfiles?
- "Sim. Certa vez, na hora do desfile, a Banda pronta para sair da quadra do Colégio, aconteceu de um instrumento de couro romper. O aluno ficou apavorado, mas com calma, conseguimos resolver o problema a tempo.
De outra vez foi pior, o rompimento do couro de um bumbo aconteceu durante o desfile e o aluno sem saber o que fazer. Rapidamente, tirei dele o instrumento danificado, coloquei num canteiro da rua, e levei o estudante para continuar o desfile num dos pelotões, contornando o problema."
- Dentre os desfiles, qual considera marcante?
- "Certamente, o Desfile mais marcante foi o da Festa de Agosto de 2000, de comemoração dos 80 anos do Rio Branco. Participar desse desfile foi maravilhoso, pois ficou na história do Colégio. Os alunos deram um show! Lembro que a Banda estreou um novo uniforme, todo branco, e por isso foi chamada de Cisne Branco. Dr. Luciano foi na frente da Banda, todo orgulhoso. E, com muita expectativa, diante de uma multidão, a Banda, os pelotões de alunos, e, como destaque, um carro alegórico com um grande bolo cenográfico, desfilamos pela Avenida Abreu Lima até a Praça Governador Portela. Em frente ao palanque foi feita a Coreografia ensaiada, os alunos deram um show! O ponto culminante foi ver a Banda tocando o “Parabéns a Você” e o Hino do Colégio, e todo o público, empolgado, cantou junto! Foi emocionante! Na sequência, um momento de surpresa, inesquecível para mim: debaixo do bolo gigante cenográfico, havia bolo de verdade para ser distribuído para o público presente, coroando a comemoração do aniversário do Colégio. Após o desfile, retornamos ao Rio Branco, onde houve uma confraternização, com um delicioso lanche preparado pelo Damião, da Cantina, para todos os alunos."
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Banda Marcial Olívio Bastos, do Colégio Rio Branco, na quadra de esportes, se preparando para a apresentação do desfile dos 80 anos do Colégio, Agosto de 2000. Acervo ECLB. |
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Momento inesquecível para Adriano: alunos e ex-alunos, ao som da Banda, cantam "Parabéns" para saudar o Colégio Rio Branco pela passagem dos seus 80 anos, com distribuição de bolo aos presentes. Agosto de 2000. Acervo ECLB. |
– Lembra de algum evento marcante em que a Banda tenha participado?
- "Sim, um dos eventos do Colégio com a participação da Banda que me marcou foi a Semana da Normalista. As meninas que tocavam a lira de metal, ensaiavam com muita dedicação o Hino da Normalista e o Hino do Colégio, para se apresentar no final do evento. Que emoção! Me emociono até hoje, só de lembrar: todos no pátio, ao som da Lira, cantando o Hino da Normalista, e a musicista Ana Maria Teixeira acompanhando com o acordeon. Logo após, todos tocando e cantando o Hino do Colégio.
– Você exerceu outras atividades no Colégio além de reger a Banda?
- "Sim. Também era chamado para colaborar com outros serviços dentro da escola, como pintura e algumas obras do prédio, como a reforma do piso do pátio. E auxiliava o Rubens, marceneiro, na reforma das carteiras. Fui também Instrutor de Educação Física. Dr. Luciano sempre deu destaque ao esporte, incentivando a participação dos estudantes em diversos eventos, e pude atuar, com o Prof. Clerinho, na organização dos Jogos Internos e Olimpíadas de 2005."
- Conte um pouco sobre esses Jogos.
- "Em 2005, os alunos do Colégio Rio Branco participaram dos disputados Jogos Internos e Olimpíadas, com várias modalidades de esporte: futebol, vôlei, handbol e futsal. Desde o início do ano eu e o Prof. de Educação Física Clerinho mobilizamos os alunos, e eles iam se organizando durante as aulas para formar as equipes, se preparando para disputar as competições. Houve uma integração muito boa entre os estudantes não só do Rio Branco, mas com as das demais escolas convidadas a participar, como E.E. Padre Mello e o antigo I.E. Eber Teixeira. O evento contagiou a todos, com jogos amistosos entre as equipes. Lembro que a aluna Amanda Salim era a responsável pelas anotações. Foram duas semanas de Jogos: na primeira semana, a classificação e na segunda, a final. Em todos os dias de competição a quadra ficava pequena, de tanta gente que vinha para assistir e torcer."
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Aluno José Rodolfo, Profª Norma Carvalho, aluna Mariana e Prof. Adriano. 2005. Acervo ECLB. |
- Após encerrar as atividades no Rio Branco, atuou em outras Bandas?
- "Sim. Logo depois que saí do Rio Branco, por volta de 2009, fui chamado para organizar a Banda da escola Alcinda Lopes Pereira Pinto, na Usina Santa Isabel, com alunos do Estado e município.
Agora, em 2022, tive a felicidade de receber mais um desafio, reativar a Banda Marcial Júlia Moreira, Escola Estadual Gov. Roberto Silveira. Após três meses de ensaios com os alunos, que nada conheciam de música, a Banda pôde se apresentar durante a Festa de Agosto, marcando a comemoração dos 90 anos de fundação da Escola".