O universo poético de João de Cabral de Melo Neto invadiu o ECLB durante a 3ª Roda Literária realizada no dia 06 de outubro. Os participantes fizeram uma viagem pelo sertão do nordeste brasileiro, caminharam pelas pontes de Recife sobre o rio Capibaribe, e também chegaram aos encantamentos de Sevilha, na Espanha.E em todas essas viagens literárias que, apresentadas através de palavras concretas e baseadas no real cotidiano da vida, os leitores perceberam e destacaram a presença de temas universais, construídos com uma sonoridade própria, que encantou a todos, trazendo um rico debate de ideias a partir dos temas propostos por esse grande mestre da poesia.
Luana Borges Scarpini, que atuou na organização do evento, conta um pouco sobre a noite:
"Conversar sobre poesia é maravilhoso, quando a poesia é brasileira, é melhor ainda! Nós saimos da Roda cheios de brilho nos olhos e sempre sai algum devaneio durante as leituras dos poemas, é legal ver a visão de outras pessoas sobre diversos assuntos. A boa música acompanhou o som da chuva, que fez a cortina pra nossa pela. João Cabral deixa grandes obras pra nós, brasileiros nos atentarmos à história passada e atual do nosso país."
Aline Mangaravite participou pela primeira vez e conta a experiência:
"A roda literária sobre João Cabral foi a primeira da qual participei, e participei ativamente! Ajudei na organização, o que também nunca tinha feito e só isso já teria sido uma experiência das mais ricas! Pesquisar e conhecer melhor o autor escolhido e sua obra! Mas muito além disso fiz novos amigos! Infelizmente a chuva atrapalhou um pouco no dia do encontro e não fomos muitos mas os que foram tenho certeza que, tanto quanto eu, se divertiram bastante. A literatura tem esse poder de unir, de nos ajudar a relacionar com o próximo! Espero poder participar e ajudar a organizar muitas outras rodas literárias no ECLB! Ideias não faltam! Surpresas em Dezembro! Um certa Pessoa ... não sei..."
Luis Otávio brindou a todos com trecho musicado de Morte e Vida Severina |
Participantes tecem uma teia ao lerem o poema "Tecendo a Manhã" |
O ambiente nordestino do autor aparece no varal que remete à literatura de cordel e às xilogravuras |
TECENDO A MANHÃ
Um galo sozinho não tece a manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.
João Cabral de Melo Neto |
Todos gostaram tanto do evento que ao final já agendaram a próxima Roda Literária, que ocorrerá no dia 07 de Dezembro. O autor escolhido foi Fernando Pessoa, sugestão da Izabela Azevedo, com aprovação unânime dos presentes!
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