segunda-feira, 11 de março de 2024

Exposição temporária “Usinas Santa Maria e Santa Isabel: Patrimônio Cultural de Bom Jesus do Itabapoana” no ECLB


O Espaço Cultural Luciano Bastos convida o público a conhecer a exposição temporária de fotografias das Usinas Santa Maria e Santa Isabel, décadas de 1950 e 1960, doadas por Diego Merloni e que fazem parte do acervo do ECLB.

Venha conhecer mais sobre esse importante patrimônio cultural de Bom Jesus do Itabapoana, remanescente de uma era em que toda a região norte e noroeste fluminense estava envolvida com a produção açucareira.

Na imagem, chaminé e ao fundo prédio da destilaria da Usina Santa Isabel, fotografia preto e branco, 1953, 14x21cm.

Pela importância da preservação desse patrimônio, o Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural de Bom Jesus do Itabapoana aprovou o tombamento de um conjunto de patrimônio arquitetônico e bem móvel componentes da Agroindústria Açucareira das duas Usinas. O processo nº 19.137/2022, encontra-se em andamento na Prefeitura Municipal (Fonte: site do CMPPC conferir aqui ).

A exposição fica aberta para visitação a partir de 12 de março até 26 de abril, das 9h às 11h30min e das 13h às 16h30min.

Saiba mais:
https://espacoculturallucianobastos.blogspot.com/2024/03/usinas-santa-maria-e-santa-isabel.html


Exposição Usinas Santa Maria e Santa Isabel: Patrimônio Cultural de Bom Jesus do Itabapoana

Visitação: de 12 de março até 26 de abril de 2023

Horário: Terça a sexta, 9h às 11h30min e 13h às 16h30min

Local: Espaço Cultural Luciano Bastos

Entrada Gratuita

 

 

sábado, 9 de março de 2024

Usinas Santa Maria e Santa Isabel: patrimônio cultural de Bom Jesus do Itabapoana


Chaminé e Prédio da Destilaria da Usina Santa Isabel, ao fundo. 2023. .

Chaminé e Prédio da Destilaria da Usina Santa Maria. 2022. Foto: Paula Bastos.

Paula Aparecida Martins Borges Bastos*

A marca do passado açucareiro vivido em Bom Jesus do Itabapoana, cujo início ocorreu em fins do século XIX, com antigos engenhos, atingindo seu auge no século XX, nas antigas Usinas Santa Maria e Santa Isabel, ainda apresenta vestígios muito marcantes na paisagem bonjesuense. A preservação desse patrimônio, em seu conjunto, conta parte importante da história de Bom Jesus do Itabapoana, em especial de sua região leste. A preservação desses bens constitui relevante valor de registro histórico-cultural do mundo do trabalho agroindustrial, além de destacar aspectos e vivências culturais que permearam a vivência dos trabalhadores nas duas vilas que se fundaram ao redor da Usina, e logo se transformaram em povoado.

Declarar como patrimônio material de Bom Jesus do Itabapoana os prédios da destilaria e chaminés das Usinas Santa Isabel e Santa Maria, a Fachada do Teatro Cinema Conchita de Moraes e a pintura interna no Clube Santa Isabel F.C. realizada pelo artista Delio Porto, é o reconhecimento de uma memória e identidade que persistem como Lugares de Memória da população local e de todos os moradores de Bom Jesus do Itabapoana. As chaminés das usinas “fazem parte inseparável da paisagem açucareira”, “com sua fumaça anunciando a atividade das moendas e das caldeiras” (INEPAC, 2004, p.75). Referenciar esse importante patrimônio cultural do açúcar em Bom Jesus do Itabapoana, tornando-o patrimônio cultural municipal, permite confirmar, destacar e reforçar o papel que essas usinas tiveram na história da economia do açúcar no norte fluminense, ao longo do século XX, permitindo e reivindicando maior atenção para as mesmas nos roteiros singulares do açúcar no estado do Rio de Janeiro.

Cabe destacar, também, que esse patrimônio industrial, talvez o primeiro a se manifestar de forma tão ampla em Bom Jesus do Itabapoana, não resgata apenas a história de proprietários e usineiros. As Usinas construíram em seu entorno um conjunto de casas para os trabalhadores, os quais não pagavam pela moradia, luz e água. Havia também uma série de serviços oferecidos pela Usina, tais como mercado, padaria, mercearia, clube, atendimento médico, entre outros. Dessa forma, a vida das famílias dos trabalhadores se estreitava em diferentes aspectos culturais, envolvendo assim uma multidão de famílias de trabalhadores que tinham e têm no ritmo cotidiano do trabalho, o desenvolvimento de uma cultura construída, em grande parte, por relações de sociabilidade, afeto e apoio mútuo. Não por acaso, a data do 1º de maio, dia do trabalhador, é uma data que sempre foi muito festejada no período de funcionamento das Usinas, sendo mantida sua referência até os dias atuais, quando moradores e ex-moradores se reúnem nessa data tão especial para a comunidade. 

Trem da antiga Usina Santa Maria, na localidade de Usina Santa Maria. 2022. Foto: Paula Bastos

A pequena Locomotiva, na Usina Santa Maria, remete não apenas à história do transporte na região, mas também a uma representação da diversidade do mundo do trabalho que existia em função das Usinas (maquinistas, mecânicos, ferreiros, marceneiros, padeiros, secretárias, administradores, químicos, lavradores, entre outros), aqui identificada pelos trabalhadores da via férrea que se instalou para facilitar o escoamento da cana-de-açúcar, e cujo patrimônio ferroviário é hoje importante registro histórico do século XX. Esse patrimônio, preservado em espaço público, na entrada da localidade, pelos moradores da região, demonstra o quanto a população, até os dias atuais, se orgulha do passado vivido e vívido, representado nesse bem móvel que reuniu dois universos que giravam em torno à vila: a usina e a lavoura.

Nas duas localidades vivem ex-funcionários das Usinas ou seus descendentes, todos repletos de memórias e histórias sobre o tempo de funcionamento das Usinas, estreita ligação que permeia a vida de tantas famílias da região, traduzindo em sinais de pertencimento e identidade ao território, que se mantém até os dias atuais. 

Um percurso histórico

A história das usinas de açúcar em Bom Jesus do Itabapoana se estreita com a história açucareira da região norte fluminense, em especial ao longo do século XX. Para além da questão agrícola e sua economia, as duas usinas e a plantação de cana permeiam a história de uma parte da população do Vale do Itabapoana, pois ao seu redor se desenvolveram relações de sociabilidade para além do mundo do trabalho, girando em torno de uma cultura que muitos traduzem, nos dias atuais, como composta pelas Memórias do Açúcar.

A cultura canavieira em Bom Jesus do Itabapoana remete à região desenvolvida em torno de duas Usinas que existiram no município, no século XX, abrangendo praticamente toda sua região leste, até a divisa com Santo Eduardo, distrito de Campos dos Goytacazes. Essa região, antes coberta de extensa vegetação de mata atlântica, foi sendo ocupada pela plantação de cana-de-açúcar, devido a suas características favoráveis para esse tipo de cultivo, com poucos morros e água em abundância oriunda do rio Itabapoana e seus afluentes.

As duas Usinas, nascidas como engenho, no final do século XIX, se nasceram com histórias separadas, em um determinado momento se unem, quando ambas passam a ser propriedade de uma única família, sob a direção de Jorge Pereira Pinto. Pode-se afirmar que a ocupação e organização do território nessa região foram diretamente afetadas pela cultura açucareira. Nas fazendas produtoras de cana, as casas eram organizadas de forma a estar diretamente relacionadas com a área canavieira ao redor e ao mesmo tempo mantinham, em seu entorno, uma cultura de subsistência para o sustento das famílias dos trabalhadores. As usinas, por sua vez, passaram a constituir um verdadeiro povoado, com as diversas casas para os trabalhadores e suas famílias, compondo no local uma vila autônoma com a instalação de padaria, mercearia, clube, campo de futebol, banda de música, escola, hospital e outras instalações. As profissões envolvidas na produção industrial eram diversas, abarcando condutor de carro de boi e, posteriormente, motoristas de caminhão e maquinistas de trem, ferreiros, secretárias, administradores, e diversas outras especialidades necessárias ao funcionamento da usina e seu vilarejo.

A vida nas usinas era regida por um período de moagem da cana e um período da reparação dos aparelhos, que durava em torno de seis meses cada um (PEREIRA PINTO, 2004).

As Usinas Santa Isabel e Santa Maria possuíam um grande universo social em seu entorno, envolvendo principalmente seus trabalhadores e familiares e abarcando desde a lavoura, a indústria e o comércio. Ambas as usinas possuíam residências para os operários, além de assistência médica e escola. Nos tempos de maior pujança, chegaram a contar com clube social e cinema, além de possuir banda de música e time de futebol com campo próprio.

Essas usinas e seu entorno agropecuário apontam para um histórico de desenvolvimento de ocupação do território voltada para a produção de cana, em que seu apogeu e queda são testemunho da transformação nacional que se organizou no âmbito da produção de açúcar no país, tendo como consequência um período de declínio da produção açucareira no estado do Rio de Janeiro, em detrimento de outros estados, como São Paulo, nas décadas finais do século XX. Além disso, ou inclusive por isso, uma transformação nas características do país, em que o mundo urbano vai se ampliando e estimulando o êxodo rural, imprimem um saldo a mais nessa realidade...

A preservação e conservação do que resta desse patrimônio industrial possui valor inestimável, pois além de constituir, em si, um valor documental para o processo histórico por que passou a sociedade bonjesuense em sua inserção no mundo do trabalho e na história nacional, guarda estreita memória e identidade com as comunidades que hoje vivem nas duas localidades e arredores, ambas herdeiras do universo do trabalho açucareiro, seja na lavoura ou no ambiente usineiro.

Usina Santa Isabel

No século XIX, o fazendeiro José Carlos de Campos possuía títulos de extensa área de terra às margens do rio Itabapoana. Seu cunhado, Horácio Gomes, funda um pequeno engenho de açúcar mascavo e batido em trecho dessas terras. Tempos depois, o engenho é negociado com a família Vasconcelos, de Campos, que o transforma em uma pequena usina (PENHA, 2010, p.47).

O negócio logo é passado adiante, sendo a usina vendida para o Coronel João Ferreira Soares, que deixou a gerência da mesma sob os encargos de seu cunhado, Odilon Diniz. O Coronel era acionista da Empresa Luz e Força (que fazia o fornecimento de energia elétrica para a região) e Presidente da Companhia Ferroviária do Vale do Itabapoana, importante meio de transporte de pessoas e de mercadorias. Em 1939, o açúcar Pau Ferro, produzido pela Usina, era vendido não apenas no estado do Rio de Janeiro, mas também no Espírito Santo e Minas Gerais (PENHA, 2010, p.47).

Jornal A Voz do Povo, 1935. Arquivo: ECLB.

Na década de 1940, a Usina foi vendida para os irmãos José Carlos e Jorge Pereira Pinto. Na época, Pereira Pinto era proprietário de mais de seis mil hectares de terra, abarcando Santo Eduardo (distrito de Campos dos Goytacazes) e Bom Jesus do Itabapoana, no RJ, e chegando até o estado do Espírito Santo. O número de pessoas vivendo em torno ao núcleo das usinas, chegou a cerca de oito mil habitantes.


Antigo Pau-Ferro na praça da Usina Santa Isabel poderia ser um remanescente das primeiras décadas do século XX,
na época em que a Usina produzia o açúcar Pau-Ferro.Fotos: Paula Bastos., 2023.

Com abastecimento interno buscando a autossuficiência nas duas Usinas, na Santa Isabel, havia “farmácia, açougue, padaria, armarinho, bar e um armazém fornecimento de gêneros alimentícios em geral” (PENHA, 2010, p.27).

Para ampliar a capacidade da Usina Santa Isabel, Jorge Pereira Pinto costumava transferir algumas peças da Usina Santa Maria (para a qual adquiria novas). Um destaque foram as moendas de origem inglesa, que haviam sido adquiridas por José Martins, na Fazenda Pedra Lisa. Segundo Antônio Carlos Pereira Pinto (2004) esses equipamentos estavam encaixotados na Fazenda, uma vez que o proprietário havia desistido de montar o maquinário, e fez negócio com Jorge Pereira Pinto, sendo o pagamento em saco de açúcar.

Em 27/08/1971, através do Decreto Lei n.1186, foi decretada a extinção da Usina Santa Isabel, sendo essa incorporada à Usina Santa Maria, que abarcaria parte do maquinário da Santa Isabel e também sua mão de obra. Na região abrangida pela antiga Usina Santa Isabel, passou a se concentrar a produção agrícola da Usina. Duas décadas depois, porém, “é decretada a falência da Usina Santa Maria, que levou junta a irmã Santa Isabel, deixando numa situação difícil milhares de operários que trabalhavam na empresa e seus familiares” (PENHA, 2010, p.47).

Entrada da localidade da Usina Santa Isabel, década de 1990. Pintura a óleo, Paula Bastos

Usina Santa Maria

Segundo matéria publicada no Blog O Norte Fluminense, no final do século XIX, em uma área de 625 alqueires funcionava um engenho de açúcar de propriedade dos sócios Virgílio Basílio dos Santos e Leônidas de Abreu Lima. O francês André Richer, trabalhou inicialmente como auxiliar da propriedade. Em poucos anos passou a sócio, e quando Leônidas se retirou, a firma passou a chamar-se Santos & Richer. O francês passou a investir na região, fundando a Societé Sucrerie Santo Eduardo, e importando máquinas modernas. Problemas financeiros tornaram a firma devedora da Farah & Irmãos, que acabaram tomando posse após disputa judicial. Em 1915, Coelho Fernandes & Cia adquiriram a empresa e em 1917 esta passou a ser propriedade de José Carlos Pereira Pinto (FRANCÊS..., 2015).

De acordo com Jorge Renato Pereira Pinto a Usina “por volta da Primeira Grande Guerra fabricava em torno de 10.000 sacos” (1995, p.193) e ao ser adquirida pelos Farah, família de comerciantes libaneses residentes em Campos, no pós-guerra 14/18, passou a chamar-se Cia Agrícola Santa Maria, e tempos depois foi à falência. A massa falida foi comprada por 67 sócios, que eram comerciantes campistas e de outras profissões, dentre eles, José Carlos Pereira Pinto e Ferreira Machado. “Uns dez anos depois, por volta de 1933, José Carlos Pereira Pinto já era o único dono, com uns 4 ou 5 remanescentes, amigos de longa data” (1995, p.194). Surgiu, assim, a Usina Santa Maria. Jorge Pereira Pinto, que foi trabalhar com o irmão mais velho, José Carlos, acabou assumindo a Usina em 1923, permanecendo na atividade por décadas, tornando-se o proprietário da Usina Santa Maria e depois da Usina Santa Isabel (PEREIRA PINTO, 2004).

Nas primeiras décadas do século XX, o universo do carro de boi envolvia a vida nas duas usinas, com os carreiros e ajudantes conduzindo seus ternos de bois tanto na aração da terra quanto no transporte da cana. Com o avanço tecnológico, os carreiros foram substituídos pelos maquinistas de trem e depois por motoristas de caminhões e carretas, diminuindo a área de pasto para esses animais.

A estrutura da vila montada em função da Usina Santa Maria, visando sua autossuficiência, incluía também capela, mercado, padaria, clube, campo de futebol, banda de música e escola, dentre outros. Além disso, foi feita a construção de um lago próximo à usina para garantir o fornecimento de água e de outros maiores onde se criavam peixes (PENHA, 2010; PEREIRA PINTO, 2004).

Localidade da Usina Santa Maria: lago margeado de árvores e Chaminé da Usina ao fundo. Foto: Paula Bastos, 2022.

Segundo o blog O Norte Fluminense (2012), a locomotiva que hoje se encontra preservada às margens do Lago, na entrada da Usina Santa Maria, foi a primeira a transportar cana da Fazenda Santo Amaro até a Indústria, em 1931. A partir da segunda metade do século XX, com o avanço das estradas de rodagem e dos veículos automotores, os caminhões e carretas foram assumindo a função do transporte da cana, e as estradas de ferro nas usinas foram desaparecendo. Segundo Pereira Pinto, no fim da década de 1960, “apenas Outeiro, Santa Maria e algumas outras que mantinham pequenos ramais resistiam à evolução do transporte” (1995, p.276). É possível perceber, assim, a importância da preservação desse patrimônio, remanescente de uma era em que toda a região norte e noroeste fluminense estava envolvida com a produção açucareira.

Trem da antiga Usina Santa Maria, na localidade de Usina Santa Maria. 2022. Foto: Paula Bastos.

Com a saída de Jorge Pereira Pinto do comando das Usinas, seus filhos assumem a condução do negócio, na década de 1970. Segundo Pereira Pinto (1995), o projeto de fusão das Usinas Santa Isabel e Santa Maria proposto a partir do Decreto Lei 1.186, de 27/08/1971 foi um dos dez primeiros aprovados em nível nacional, sendo o primeiro a ser implantado na região norte fluminense, na perspectiva apontada, na época, como uma modernização do parque industrial que, de agroindústria açucareira, passava a ser nomeado de sucroalcooleiro. É nessa perspectiva que a antiga usina foi toda desmantelada em praticamente um mês, sendo instalada uma nova no mesmo local, a maioria dos equipamentos oriundos do estado de São Paulo. O modelo arquitetônico horizontal foi mantido, porém o espaço foi ampliado, o que fez com que uma rua e o casario de comércio do entorno fosse abaixo. Foi nesse contexto que a Chaminé, até então com seus 40 metros de altura, foi ampliada, chegando a 65 metros. Pereira Pinto (2004) destaca que junto com a antiga fábrica, foi também a rua onde ficava o armarinho, o armazém, o bar, o salão de bilhar e a sinuca, para dar lugar à expansão indicada.

Chaminé da Usina Santa Maria: 65 metros de altura. Fotos: Paula Bastos, 2022.
                Detalhes da Torre da Usina Santa Maria. A direita: topo da chaminé ampliada.

 Com a ampliação de seu maquinário e uma capacidade para além da sua autonomia de produção de cana-de-açúcar, a dependência de fornecedores e dificuldades na obtenção da matéria-prima passou a ser uma realidade. Aliado a outros fatores, na década de 1980, a família Pereira Pinto, em função de dívidas assumidas, acabou vendendo a Usina Santa Maria.  Esta fez sua última produção em 1990, encerrando as portas a partir de execução forçada em decorrência do plano cruzado (Pereira Pinto, 1995, p.339). O impacto dessas alterações na vida dos trabalhadores foi imediato e de grande impacto, pois, com o fim da usina, como destaca Possiolo (2006, p.7),

muitos funcionário [ficaram] sem receber o que lhes era de direito, se vendo estes, perdidos, sem emprego e sem os benefícios que lhes eram dados. A maioria que teve oportunidade, foi para outras regiões em busca de emprego; para os que ficaram, só restaram mesmo as casas (que até hoje não possuem documentação legal)”.

Sociedade

Os times de futebol das duas usinas sempre foram uma grande paixão envolvendo as duas comunidades. O Santa Isabel F.C. foi fundado em 08/03/1943, tendo acompanhado a Usina desde então e a ela sobrevivido, com seus quase 80 anos de existência. Sobre os times de futebol, vale destacar, que era famosa a rixa entre os times das duas Usinas, em uma rivalidade amistosa, confirmada por Jailton da Penha, que afirma: “Santa Isabel dos grandes embates esportivos e de uma torcida apaixonada. Das brigas históricas, principalmente quando era contra o Santa Maria” (2010, p.110). Fazer parte do time da Usina, aliás, era muitas vezes possibilidade de arrumar um emprego, pois “as Usinas eram as maiores empregadoras do município e da região, principalmente se a pessoa jogava futebol era mais fácil conseguir emprego” (2006, p.31).

Na área agrícola, as residências constituíam caminhos e eram referências em meio ao canavial das fazendas, agregando os trabalhadores e suas famílias em determinadas áreas: “Essa é a Santa Isabel que a cada início de moagem, promovia-se nas Fazendas um concurso para saber quem cortava mais cana, era um concurso com os representantes de Santa Isabel, Santa Terezinha e São Jorge, normalmente quem levava de lambuja era a Nenzinha do Ari” (PENHA, 2010, p.111)

Segundo Jailton da Penha, inicialmente os eventos sociais na Usina Santa Isabel ocorriam na escola, porém com o crescimento econômico da Usina e a áurea época dos bailes, os trabalhadores convenceram o proprietário da Usina, à época Carlos Alberto Pereira Pinto, a construir um Clube, que foi sede de inúmeros eventos, como bailes, carnavais e reuniões políticas, tendo sido inaugurado em 1962. O artista plástico baiano Délio Porto, que havia sido contratado para pintar o Aero Clube, de Bom Jesus, foi convidado também para decorar o clube, deixando registrado, em pintura, um universo popular que dialogava com a Usina: “o músico com o seu saxofone, a dona de casa, o atleta, a camponesa na sacada, a baiana com o seu tabuleiro, o dançarino e o trabalhador” (PENHA, 2010, p.25). Em 2017, o Clube teve sua reforma realizada, mantendo nas paredes, com muito orgulho, as pinturas em destaque (FÉ..., 2017)

Evento no Clube da Usina Santa Isabel, destaque para a pintura de Delio Porto na parede.
Fonte: Blog O Norte Fluminense, 13/06/2018. 

Os eventos em clube também foram muito marcantes na Usina Santa Maria, como aponta Possidônio (2006), com destaque para os eventos ocorridos no Teatro Cinema Conchita de Moraes, quando, aos poucos, foram ficado para trás as festividades ocorridas em locais distintos para diferentes grupos sociais. O Teatro Cinema Conchita de Moraes foi construído na década de 1950, sendo reinaugurado em 1974, tendo sido palco de muitos bailes e festividades diversas (UM PEQUENO HISTÓRICO..., 2023). O nome Conchita de Moraes foi uma homenagem a uma atriz cubana que viveu e atuou no Brasil em teatro e filmes. Antiga moradora da Usina Santa Maria, Maria Lúcia Oliveira de Souza, em depoimento ao jornal O Norte Fluminense, recorda que nesse Teatro “se apresentaram Nelson Gonçalves, Ellen de Lima, Luz Del Fuego, com suas cobras pelo corpo, e a famosa dupla caipira Jararaca e Ratinho” (HONRA..., 2014).

Fachada do Teatro Cinema Conchita de Moraes, 2022. Foto: Paula Bastos

Possidônio (2006) destaca também a importância que se reveste o 1º de maio para a localidade. No âmbito cultural, cabe apontar a tradição de Folia de Reis, que ocorria em todo seis de janeiro, como uma grande festividade, como indica Pereira Pinto (2004).

Quanto aos festejos populares na Usina Santa Isabel, Jailton da Penha ressalta o caxambu comandado pelo “Seu” Vicente e a Dona Penha, o Mineiro Pau e as fogueiras de São João, o jongo e o Boi Pintadinho. A Usina Santa Isabel teve também seu jornal, ainda que efêmero, com o instigante título de “Bagaço, Jornal que é uma brasa” (PENHA, 2010).

As duas Usinas também possuíam bandas musicais de destaque, sempre presentes nas festividades. Segundo Pereira Pinto (2004), na Usina Santa Maria houve um tempo em que havia duas bandas, uma das moças e uma dos homens, regida pelo maestro Giovani. Outros maestros da banda da Usina Santa Maria, foram José Primo e Sebastião Vitorino, segundo Maria de Lourdes Sá de Andrade, cujo pai, Sebastião Vitorino, na época da reportagem de O Norte Fluminense, em 2014, se encontrava próximo de completar seus 99 anos de idade (HONRA..., 2014).

O envolvimento das comunidades com as Usinas pode ser percebido pelos depoimentos de muitos de seus moradores. Para Eduardo Rosa, da Usina Santa Maria, “não podiam deixar acabar as duas Usinas: a de Santa Isabel e a de Santa Maria. Houve época em que o açúcar era exportado e a Usina de Santa Maria fora incluída no rol das que fabricavam açúcar para a exportação” (USINA SANTA MARIA..., 2012). A emoção é principal componente da narração de Jailton da Penha sobre os momentos finais de atividade da Usina Santa Isabel:

(...) quando a última carreta de cana estava sendo jogada na esteira para ser moída, um operário sai sorrateiramente e emocionado aciona o apito que indica o início e o fim de cada jornada de trabalho. Foi o apito mais longo e mais triste de toda a história de Santa Isabel. Nos olhos dos operários incertezas e tristezas além da emoção. Muitos não conseguiram segurar o choro. Na face daqueles homens acostumados com a vida dura de diversas jornadas de trabalho, lágrimas teimosas eram derramadas (2010, p.47).

Gerações mais novas têm buscado se organizar em encontros, associações e eventos, recuperando histórias e memórias dos familiares que tiveram suas vidas marcadas pelo universo do trabalho no entorno das usinas. Jailton da Penha, natural da Usina Santa Isabel, destaca o foco de “Usina Santa Isabel: jamais será esquecida...”: “escreverei algo que fala da relação patrão/empregado, da convivência desses empregados e seus familiares com um apanhado de quase tudo que a comunidade produziu” (2010, p.12).

É essa memória, marcada na população das duas usinas que também se vê refletida no patrimônio e outros marcos simbólicos que, passados mais de 50 anos do fechamento da Usina Santa Isabel e 30 da Usina Santa Maria, permanecem como referência e símbolo para as comunidades e sua vivência. Vale destacar que após a falência da Usina Santa Maria, na década de 1990, mesmo com o grande baque econômico, muitos dos trabalhadores e suas famílias permaneceram nas duas localidades, espaço em que muitos nasceram, cresceram, constituíram família e com o qual possuem relações de afeto e sociabilidade. Para os que  saíram em busca de emprego e possibilidades, a relação com suas origens nunca deixou de existir, havendo também casos de retorno às suas localidades, seja como local de moradia ou em datas festivas, para reencontro com familiares e amigos.

Dessa forma, é possível afirmar que a integração do patrimônio açucareiro que resiste e persiste está inserido na paisagem de cada uma das localidades, uma vez que grande parte dos trabalhadores permaneceu no local mesmo após o fechamento das Usinas, tendo alguns deles recebido as moradias como indenização trabalhista, e havendo mesmo casos ainda a serem regularizados. Muitos familiares e descendentes dos antigos trabalhadores permanecem nas localidades ou mantém vínculos afetivos e de identidade com o local, mesmo vivendo em outras localidades.

Contexto Regional e Nacional

Segundo Jorge Renato Pereira Pinto, na década de 1960 as Usinas Santa Isabel e Santa Maria eram pequenas quando comparadas às grandes usinas da região e “fabricavam juntas 400 mil sacos por ano” (1995, p.253). Apesar de não ter sido destaque em termos de produção, porém, é importante observar que o contexto da ascensão e queda das duas Usinas não está dissociado de um contexto regional (conjunto de usinas do norte fluminense) e nacional (reconfiguração da produção álcool-açucareira no país, despontando no cenário a produção açucareira do estado de São Paulo), descrito por historiadores e estudiosos sobre o assunto.

A identidade e memória refletidas na preservação do patrimônio

O tombamento de bens culturais do patrimônio industrial usineiro se justifica pela preservação da cultura material canavieira de Bom Jesus do Itabapoana, que teve seu auge entre as décadas de 1930 e 1970, e se encerrou na última década daquele século, estando presente na memória e identidade dos bonjesuenses e, em especial, das comunidades herdeiras da Usina Santa Isabel e Usina Santa Maria. Depoimentos, imagens e histórias sobre as duas usinas estão registrados em diversos suportes impressos e digitais, nas décadas recentes. Um exemplo é o audiovisual “Santas, Usinas e Sonhos”, cuja resenha aponta ser um “documentário sobre a ascensão e queda das usinas de cana-de-açúcar nas localidades de Santa Maria e Santa Isabel no estado do Rio de Janeiro. Gravado entre outubro de 2015 e maio de 2016. Edição e direção: Phillip Johnston, 2016”. O vídeo encontra-se disponível no canal do You Tube (ver aqui) e contém depoimentos de pessoas que tiveram suas vidas ligadas às duas Usinas.

Processo para preservação do Patrimônio da agroindústria açucareira: Usinas Santa Maria e Santa Isabel 

O Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural de Bom Jesus do Itabapoana aprovou em 25/08/2022 o tombamento (preservação) de um conjunto de patrimônio arquitetônico e bem móvel componentes da Agroindústria Açucareira das duas Usinas. O processo nº 19.137/2022, encontra-se em andamento na Prefeitura Municipal (Fonte: site do CMPPC conferir aqui ).

* Adaptação para esta publicação de material elaborado em 2022 para fins de apresentação ao Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural de Bom Jesus do Itabapoana, como solicitação para declaração de proteção municipal do patrimônio remanescente das Usinas Santa Maria e Santa Isabel.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FÉ e União fazem a esperança acontecer na Usina Santa Isabel e em Bom Jesus do Itabapoana. O Norte Fluminense, 02/08/2017. Disponível em: http://onortefluminense.blogspot.com/2017/08/fe-e-uniao-fazem-esperanca-acontecer-na.html Acesso em 18 jul 2022.

FRANCÊS impulsionou a Usina Santa Maria. O Norte Fluminense, 28/12/2015. Disponível em http://onortefluminense.blogspot.com/2015/12/frances-impulsionou-usina-santa-maria.html Acesso em 10 jun 2022.

HONRA e gloria aos irmãos Pereira Pinto. O Norte Fluminense, 15/02/2014. Disponível em http://onortefluminense.blogspot.com/2014/02/honra-e-gloria-aos-irmaos-pereira-pinto_15.html Acesso em 10 jun 2022.

INEPAC. Desenvolvimento Territorial dos Caminho Singulares do Estado do Rio de Janeiro, Açúcar. Projeto Inventário de Bens Culturais Imóveis, 2004.

PENHA, Jailton da. Santa Isabel, uma paixão em azul, vermelho e branco. Bom Jesus do Itabapoana, RJ, 2006.

PENHA, Jailton da. Usina Santa Isabel, jamais esquecida... Bom Jesus do Itabapoana, RJ, 2010.

PEREIRA PINTO, Antonio Carlos. Quem quebrou a casa de meu pai? Niterói, RJ: Comunitá: Panorama Ed., 2004.

PEREIRA PINTO, Jorge Renato. O Ciclo do Açúcar em Campos. Rio de Janeiro, RJ, 1995.

POSSIDONIO, Samille Viana. A vida sociocultural da Usina Santa Maria: do período de seu auge econômico até o declínio. Projeto do Curso de Licenciatura em História, Universidade Salgado de Oliveira, Campos dos Goytacazes, RJ.

USINA SANTA MARIA: A glória que resiste. O Norte Fluminense, 09/04/2012. Disponível em http://onortefluminense.blogspot.com/2012/04/usina-santa-maria-gloria-que-resiste.html Acesso em 10 jun 2022.

UM PEQUENO HISTÓRICO sobre o Teatro Cinema Conchita de Moraes, na Usina Santa Maria. O Norte Fluminense, 20/04/2023. Disponível https://onortefluminense.blogspot.com/2023/04/teatro-cinema-conchita-de-moraes-na.html  Acesso 08/03/2024.


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segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Recital de Fim de Ano da Escola de Música MusicArt no Espaço Cultural Luciano Bastos

 

No dia 15 de dezembro (sexta) às 19h, os alunos da Escola de Música MusicArt apresentaram um lindo Recital de Fim de Ano, no auditório do Espaço Cultural Luciano Bastos (ECLB), encantando o público presente.

Confira os registros do jornal O Norte Fluminense:

O jornal O Norte Fluminense esteve presente e registrou o evento, confira aqui 




sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Projeto de Extensão do Curso de Engenharia de Computação apresenta maquete virtual do Colégio Rio Branco

Alunos e professores do curso de Engenharia de Computação do IFF- Bom Jesus, Claudia Bastos, diretora do ECLB e Adilson Figueiredo, do Conselho de Patrimônio de Bom Jesus.

Professor Eduardo Moreira

Ontem (14), alunos e professores do curso de Engenharia de Computação do IFF-Bom Jesus, apresentaram os resultados do projeto de extensão “Relatos e Rotas”, e a criação de modelagem da maquete em 3D do antigo Colégio Rio Branco. Estiveram presentes Claudia Bastos, diretora do ECLB, e Adilson Figueiredo, membro do Conselho de Patrimônio. O ECLB agradece a acolhida e a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o projeto que vem sendo desenvolvido. Parabéns pela iniciativa!

Segundo o Professor Eduardo Moreira, a humanização da tecnologia ajuda a construir espaços virtuais dotados de história e memória, que articulem tradição com inovação,  passado, presente e futuro. Através de ferramentas educacionais que tenham uma linguagem estética acessível e agradável ao público de todas as idades, pode-se unir entretenimento com fortalecimento do pertencimento e do enraizamento social, com a valorização da memória e da história comunitária e dos patrimônios culturais locais.

“Relatos e Rotas” é um Projeto inter, multi e transdisciplinar de curricularização da extensão, com participação dos Professores Fabrício B. Gonçalves, Ana Cecília Soja, Ana Mara de O. Figueiredo, Anderson V. da Silva, Eduardo Moreira, Halisson José Soares da Rocha, Rafael Artur de Paiva Gardoni e  Rogério Ribeiro Fernandes.

Professores Fabrício Barros Gonçalves e Eduardo Moreira

Tudo começou a partir de uma visita guiada, em março/2023, organizada pelo Conselho de Patrimônio local (Veja aqui), que saiu do ECLB em direção ao Centro Histórico de Bom Jesus, e foi acompanhada pelo Professor Rogério Fernandes, do IFF Bom Jesus e um grupo de alunos do curso de Engenharia de Computação e Técnico de Informática. 

Tendo como objetivo introduzir a Educação Patrimonial e a criação de produtos tecnológicos, o Projeto visa a preservação e manutenção dos patrimônios culturais, naturais e mistos de Bom Jesus e região.

Prof. Rogério Fernandes e alunos durante a visita guiada que teve início no ECLB, no dia 29.03.2023.

Durante a apresentação, o estudante Lucas realizou um histórico das atividades realizadas

O Espaço Cultural Luciano Bastos foi escolhido como o primeiro patrimônio a ser trabalhado. Através da Plataforma Godot, de criação de jogos virtuais, o grupo começou a idealizar uma visita virtual ao antigo Colégio Rio Branco, recriando a cultura escolar da época, no formato de um jogo. Foram escolhidos três ambientes do Colégio para modelagem da maquete em 3D utilizando as técnicas da computação gráfica: a biblioteca, a sala de aula e a sala do diretor Luciano Bastos,

"O objetivo é continuar construindo uma rede patrimonial virtual. O Colégio Rio Branco é só o começo do Projeto", completou Lucas.

Visitando as salas expositivas do ECLB, no dia 28.09.2023

Entrevistando Claudia Bastos na biblioteca do ECLB, no dia 23.11.2023

Os estudantes estiveram algumas vezes no ECLB para entender como os espaços eram utilizados, fotografaram o prédio e os ambientes, e entrevistaram ex-alunos e ex-professores, coletando memórias e informações para o banco de dados.

“Vamos pegar todas essas histórias contadas, as memórias materiais, e recriar nos jogos, para que as pessoas possam se ver nesses jogos, dentro do universo que estamos montando, e isso é magnífico”, conta o graduando Edivan, entusiasmado. 


“Entrevistamos profissionais que trabalharam no Rio Branco em períodos históricos diferentes, e a gente consegue ver também a evolução do Brasil, o contexto histórico vivido quando as histórias foram contados. Quando a gente pega todas essas memórias, fica algo fenomenal", conta Edivan.

Professor Fabrício Barros Gonçalves

Segundo o Professor Fabrício Gonçalves, “esse é um trabalho desafiador do ponto de vista pedagógico, porque juntar quatro disciplinas não é uma tarefa fácil, principalmente quando se introduz uma tecnologia nova", 


O Espaço Cultural Luciano Bastos preserva a memória do Colégio Rio Branco (1920-2010)



segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Ex-Professor do Colégio Rio Branco visita o ECLB após 60 anos

 

Edinésio Pirozi e a esposa Ângela Machado Pirozi relembrando o período em que passaram pelo Colégio Rio Branco, ele Professor e ela aluna do Curso Normal.

Em 1961, chegava ao Colégio Rio Branco o jovem Professor de Matemática, Edinésio Pirozi, por indicação do amigo Heliton Dias Pimentel, então Professor de História do Rio Branco. Ali conheceria sua futura esposa, aluna do Curso Normal, Ângela Machado Pirozi.

O casal reside em Nova Friburgo, completa esse ano 60 anos de vida conjugal, e veio nesse final de semana, ao lado de filhos, netos e do amigo Prof. Heliton, ao ECLB, para rever, emocionados, os espaços que fizeram parte de sua vida. Um momento especial e emocionante para todos os presentes.

Muito obrigado pela visita.

Professor Heliton Dias Pimentel, Professor de História no Colégio Rio Branco - ao lado do amigo  Edinésio Pirozi e esposa Ângela Pirozi, filhos e netos do casal, no pátio do ECLB.
Ângela Machado Pirozi estudou na década de 60 no Colégio Rio Branco 
Visitantes foram recepcionados pelo Dr. Gino Bastos e Claudia Bastos, diretora do ECLB. Isaac Nascimento, da TV Alcance, registrou a visita.
João Guilherme, neto de Edinesio e Ângela, homenageou o avô ao piano. 
Registro da TV Alcance.
Edinésio Pirozi, Ângela Pirozi e Claudia Bastos
Professor Edinésio Pirozzi e alunos do Curso Ginasial. 1965.