O Espaço Cultural Luciano
Bastos recebeu no mês de novembro a visita de uma turma da UNATI (Universidade Aberta da Terceira
Idade), do Instituto Federal Fluminense, campus Bom Jesus.
Acompanhados de uma das
Coordenadoras do Projeto, Nilta Leal, os alunos Arlene Moraes Thieubaut, Cirilo
Barros Alves, Daura Baptista da Silva, José Carlos de Melo Thiebaut, Julinda Maria
de Azevedo Kelly, Maria da Penha Magalhães de Oliveira, Noermando Delbons de
Souza, Solange Serpa Kelly Santiago, Yvone da Rocha Ramos e Zely dos Santos de
Melo, percorreram o Espaço, tendo como
objetivo realizar um trabalho de pesquisa sobre Comunicação, sob orientação da Professora Maria de Lourdes Borges.
Dentre os objetos do acervo
pesquisados no setor Imprensa, estão os jornais antigos, sobressaindo-se o
primeiro jornal de nossa cidade – ITABAPOANA
- com 106 (cento e seis) anos, telefones de várias épocas, bem como
máquinas de impressão antigas do jornal Norte Fluminense, com destaque para a
Impressora Alauzet, francesa, do século XIX.
Parabéns aos idealizadores do Projeto e aos alunos que fizeram tão importante trabalho de pesquisa!
O trabalho realizado, que reproduzimos abaixo, foi apresentado no campus Bom Jesus e nos ajuda a compreender um pouco da evolução da Comunicação ao longo em nosso Município.
Comunicação
Desde os
primórdios da humanidade a comunicação faz parte da vida das pessoas.
Nossa equipe
se empenhou muito para que o trabalho sobre a comunicação em nosso município
abrangesse o maior número de informações de forma clara e objetiva. Fizemos
reuniões, pesquisas, entrevistas, visitas a locais importantes para nossa
história, ouvimos depoimentos, etc.
(...)Bom Jesus do Itabapoana tem muitas histórias interessantes sobre meios
de comunicação para nos contar. Vamos conhecer algumas delas.
Correios
No início nossa região era coberta pela Mata Atlântica e era habitada
pelos Índios Coroados da Aldeia Camapuan fundada pelo padre José de Anchieta.
Em 1860 juntaram-se aos Coroados os índios Puris, fundando várias aldeolas. Para se comunicar, os índios usavam sinais de fumaça, toque de tambor,
imitavam os cantos dos pássaros.
Com o passar dos anos começaram a chegar de Minas Gerais posseiros em
busca de terras férteis. Usava-se os mensageiros, pessoas que viajavam a pé ou
a cavalo, para levar recados e mensagens.
Em 25 de dezembro de 1890 foi instalado o município de Itabapoana com a
denominação de Vila do Itabapoana.
Bom Jesus teve uma vida autônoma de apenas
um ano cinco meses e quinze dias, tendo sido anexado a Itaperuna em 8 de maio
de 1892. Provavelmente tal notícia só chegaria a Bom Jesus pelo Correio, que
devia ser pouco frequente, visto que 20 anos depois, ainda se recebia
correspondência somente duas vezes por semana, mesmo assim transportada de Boa
Vista (hoje Apiacá) por um estafeta¹ em lombo de burro para a agência local dos
Correios.
Estafeta – “Entrega de correspondência a cavalo”; evoluiu depois para
“portador de despacho e encomendas”.
Hoje os correios possuem o sistema de automação para triagem de objetos
postais que veio poupar tempo para o cliente e para os correios simplificando
rotinas e diminuindo erros operacionais, sendo as correspondências entregues
por carteiros. Alguns serviços prestados pelos correios:
· Banco Postal (que presta serviços bancários básicos à população);
· Sedex (serviço de encomendas expressas que veio garantir a entrega com mais rapidez);
· Telegrama (mensagem transmitida por sinalização elétrica ou radioelétrico a ser convertida em comunicação escrita para entrega ao destinatário pelos carteiros);
Produtos e serviços de conveniência:
Achados e perdidos; Caixas para embalagem; Declaração anual de isento; Declaração de imposto de renda; Envelopes; Emissão de CPF; Recebimento de contas; Serviços bancários, etc.
A primeira correspondência oficial do país foi a carta de Pero Vaz de
Caminha, enviada a D. Manoel, Rei de Portugal, relatando a descoberta.
O início oficial da história do correio brasileiro remonta a 25 de
Janeiro de 1663. Até 1931 Correios e Telégrafos eram duas repartições públicas
distintas, quando se fundiram em apenas uma, surgindo assim o DCT, Departamento
de Correios e Telégrafos.
Em 1969 iniciou-se o processo de desenvolvimento do Serviço Postal
Brasileiro com a criação, em 20 de março, da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos (ECT).
Comunicação Escrita
Em 1906 fundou-se em Bom Jesus o primeiro jornal, o “Itabapoana”, tendo
como diretor Sylvio Fontora, que circulou de 1º de agosto de 1906 a 29 de
dezembro de 1907. Dele publicaram-se nesse período 51 números, com notável
pontualidade, embora sua impressão muitas vezes não assegurasse absoluta
nitidez, pois era feito manualmente em equipamento improvisado. Tipógrafo e
impressor Joaquim Ouropretano Mineiro do Brasil.
O “Itabapoana” ressurgiu em sua segunda fase em 15 de julho de 1911, já
bastante melhorado intelectual e materialmente, sob a direção do poeta e
prosador Menezes Wanderley, cessou a publicação desse período em 1916, tendo
produzido a apreciável quantidade de cerca de 300 números. Meses depois em 5 de
novembro de 1916 apareceu o “Correio Popular”, tendo como redator Jerônimo
Tavares, que circulou apenas até 1917. Em 1918 voltou a circular o “Itabapoana”
em sua 3ª fase sob a orientação do jornalista Renato Wanderley que teve curta
duração.
Não há notícia de nenhum outro jornal editado em Bom Jesus até 21 de
dezembro de 1924, quando surgiu o periódico “Nossa Terra”, sob a direção de
Antonio da Costa Freitas, mas foi inferior aos seus antecessores.
Em 1º de janeiro de 1925 iniciou sua publicação “A Cidade”, periódico
dirigido por José Ferreira Rabelo.
Ainda em 1925 começou a circular em 23 de maio o jornal “A Paróchia”,
dirigido pelo próprio Padre Mello e no ano seguinte “O Liberal”, por iniciativa
de Antonio da Costa Freitas, tendo como redatores Octacílio Ramalho e César
Ferolla. Mas a capacidade dos bonjesuenses de fazerem jornais não pararam por
aí, pois logo em 19 de março de 1928 apareceu na praça “O Norte”, cujo diretor
proprietário era também o Padre Mello. Enquanto isso, como se encerrando com
chave de ouro esse extraordinário ciclo jornalístico, ainda em 1928 surgiu o
“Bom Jesus – Jornal”, por iniciativa do dinâmico e talentoso Osório Carneiro,
que acabou se tornando a maior figura da imprensa bonjesuense, muito embora seu
primeiro jornal tenha sobrevivido apenas até 15 de agosto do mesmo ano.
Mas finalmente, em 6 de setembro de 1930 iria iniciar-se a primeira
fase da sua “A Voz do Povo”, que durou apenas 1 ano, quando veio à luz “O
Momento”, também dirigido por Osório Carneiro, tendo já como redator Otacílio
de Aquino.
É justo lembrar que existiram em Bom Jesus alguns pequenos jornais, em
geral humorísticos e de vida mais ou menos efêmera, como “O Vagalume”, “O
Cisne”, “O Clarim”, “O Álbum”, “O Sport” e “Rio Branco”, dos alunos do
respectivo colégio e talvez ainda outros que circularam e deixaram de circular
em diversas épocas.
1933 – Reapareceu o “A Voz
do Povo”, com toda força para não mais desaparecer, que por sinal está comemorando
seus 80 anos com grande júbilo. Tendo à sua frente, como diretora e
redatora-chefe, a jornalista Drª Nísia Campos, há mais de 30 anos.
Equipe
de “A Voz do Povo”, agosto de 1939.
Em
primeiro plano da direita para a esquerda, José Maria Garcia, José Tarouquella,
Renato Wanderley, Osório Carneiro, Padre Mello, Octacílio de Aquino e Romeu
Couto.
Em
segundo plano, Dalton Tarouquella, “Dico”, Neiva, Ernani Tarouquella, Onofre,
“Totinho”, Helio Garcia e Elvio Tarouquella.
Curiosidade: hoje a redação e direção de “O Norte Fluminense” é comandada pelo filhos do Dr. Luciano, tendo como grande colaborador o Sr. João Batista Assad, o popular “Andorinha”.
Em 5 de agosto de 1933 reapareceu o jornal “A Voz do Povo” em sua fase
atual, seguido pelo “Norte Fluminense” cuja publicação se iniciou em 25 de
dezembro de 1946, fundado por Esio Bastos, que exerceu sua direção e redação por
cerca de 57 anos ininterruptamente até 2003. Seu irmão Luciano Bastos, que
sempre o acompanhou desde o início em sua luta substituiu-o por mais 7 anos até
seu falecimento em 2011. Sua publicação constituiu até hoje, uma das melhores
do interior do Brasil, justo motivo de orgulho bonjesuense.
Por volta de 1945 surgiu em Bom Jesus do Itabapoana um serviço de
autofalante na Praça Governador Portela. Seu fundador era Geraldo Garcia de
Campos tendo como locutores Joelson Poubel e Freire Júnior, este último
conhecido como “Garoto”.
Com a extinção do Serviço de Autofalante, surgiu a 1ª rádio em Bom
Jesus, inaugurada em 1956 de propriedade do senhor Carlos Rodrigues da Silva,
que por ser albino, era conhecido pela população como “Negativo”.
Ainda na década de 50 quando do evento "Concurso de Calouros Infantis", comandado por Freire Júnior, o "Garoto", locutor da rádio (camisa manga longa branca e gravata).
Neumar Silveira, eleita Rainha da Rádio Bom Jesus, coloca a faixa na princesa.
Na cidade de Bom Jesus do Itabapoana, o primeiro telefone foi instalado
no Bar Central do Manoel Belido, que só “falava” para Pirapetinga, na Fazenda
de Chichico das Areias no início do século XX. Este telefone precisava dar
corda para que funcionasse.
A inauguração da Rádio Cultura ZYP 31 contou com a presença de pessoas
ilustres, tais como o vice-governador do Estado do Rio de Janeiro, mais tarde
governador, o bonjesuense Roberto Silveira. Do Monte Calvário ele acionou a
chave que ligava os transmissores. A rádio permaneceu em funcionamento até
1960.
Auditório da Rádio Bom Jesus Foto do acervo pessoal de Paulo Rodrigues Silveira |
Neumar Silveira, eleita Rainha da Rádio Bom Jesus, coloca a faixa na princesa.
Em 1983 ressurge a nossa rádio, com nome “Rádio B. Jesus AM”, tendo
como proprietários José Antônio de Almeida Rangel, Carlos Borges Garcia, José
Cabral de Melo, Fabiano Roberto Xavier e Edelyr Pereira Campos. Este grupo
permaneceu até 2007.
Agora com novos proprietários, os senhores Enaldo Vieira Barreto e
Mauro José da Silva, mudaram o local da emissora em 17 de julho de 2007 para a
Rua Tenente José Teixeira, onde permanece até hoje.
Também temos um outro meio de comunicação em Bom Jesus, a TV Câmara,
que transmite as reuniões dos vereadores para que a comunidade tome
conhecimento dos seus trabalhos.
Telefone
O surgimento desta nova técnica de comunicação se deu no século XIX e
contribuiu para encurtar distâncias, suplantando o papel que anteriormente era
exercido pelo telégrafo. Este objeto que fascinou o mundo, no final do século
XIX e hoje parece tão familiar, é o resultado de muitos esforços e invenções
para conseguir que a voz humana fosse transmitida através de longas distâncias.
Em 1876, Alexander Graham Bell conegue finalizar sua invenção,
realizando a primeira ligação interurbana do mundo, uma ligação de 25
quilômetros.
Fazenda das Areias, em Pirapetinga, único local que recebia a ligação do primeiro telefone de Bom Jesus, instalado no Bar Central, de Manoel Belido, na Praça Gov. Portela. |
Com o passar do tempo instalou-se, na residência de Dona Alice Borges
de Castro, uma cabine telefônica na sala da casa. Dona Alice nesta época
assinou apólices relacionadas à instalação do telefone, o que lhe deu direito a
participar de um sorteio no qual ela foi premiada. Segundo sua sobrinha
Terezinha, hoje este prêmio em dinheiro, seria equivalente a quinhentos mil
reais. Depois deste acontecimento, Dona Alice passou o telefone para sua irmã
Inah Borges.
Depois a cabine foi instalada em uma sala pertencente ao senhor Tebeth
Curi, na rua XV de Novembro, ainda sob os cuidados de Dona Inah Borges. Logo
depois instalou-se no mesmo local uma mesa telefônica para maior comunicação.
Quando alguém de fora ligava, um mensageiro ia avisar à pessoa chamada
o horário que deveria estar no posto telefônico para atendê-la.
Segundo artigo do jornal “O Norte Fluminense” de 8 de Janeiro de 1950
(Acervo: Espaço Cultural Luciano Bastos), concluiu-se que os telefones urbanos
só chegaram a Bom Jesus após esta data.
Após algum tempo, houve a ampliação dos telefones com a instalação de
duzentos aparelhos em Bom Jesus, sendo que o posto continuou sendo utilizado
por algum tempo.
O posto telefônico, depois de Dona Inah, ficou sob responsabilidade do
Senhor Nilson Tinoco de Rezende e de sua esposa, Dona Glorinha, no Hotel
Central. A seguir passou para o Senhor Adelipton, que por sua vez deixou com
seu filho, Tinoco, até 2001, na rua Buarque de Nazareth.
A facilidade de acesso da população aos telefones fixos e públicos (o
velho “orelhão”), o posto telefônico tornou-se desnecessário.
Hoje com o avanço da tecnologia e com a necessidade de rapidez para
comunicação, o telefone celular atualmente é mais popular que o próprio
telefone fixo. No Brasil, por exemplo, existem mais linhas ativas de celular do
que a própria população.
Resgatar a história do telefone é trazer à luz um experimento que
ultrapassou um século, conseguindo se renovar de acordo com as necessidades dos
indivíduos.
Equipe
Nosso agradecimento aos colegas pela atenção, ao nosso colaborador
Rodrigo, à UNATI pela oportunidade de crescimento cultural através desta
pesquisa e ao maior entrosamento entre os colegas de equipe.
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Arlene Moraes Thiebaut
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Cirilo Barros Alves
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Daura Baptista da Silva
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José Carlos de Melo Thiebaut
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Julinda Maria de Azevedo
Kelly
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Maria da Penha Magalhães de
Oliveira
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Noermando Delbons de Souza
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Solange Serpa Kelly Santiago
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Yvone da Rocha Ramos
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Zely dos Santos de Melo
Referências Bibliográficas
· “Bom Jesus nas folhas do Itabapoana em 1906” – Luciano Augusto Bastos.
· “Bom Jesus nas folhas do Itabapoana em 1906” – Luciano Augusto Bastos.
· “70” Crônicas Escolhidas” –
Romeu Couto.
· “Páginas Memoráveis de Bom
Jesus do Itabapoana “ – Antonio Dutra.
· “No despertar de nossas
origens” – Maria Cassia de Moraes Soares.
· Pesquisas em vários sites da
internet.
· Espaço Cultural Luciano
Augusto Bastos.
· O Norte Fluminense – Jornal
· A Voz do Povo – Jornal
· Rádio Bom Jesus
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