Seu diretor foi o jornalista Sylvio Fontoura, de Campos dos Goytacases, cuja vinda para Bom Jesus foi incentivada por Pedro Gonçalves da Silva, o Coronel Pedroca. Este, além de Secretário foi colaborador do jornal. O cargo de Gerente foi ocupado por Francisco Teixeira de Oliveira. O tipógrafo e impressor de "Itabapoana" era conhecido como Joaquim Ouropretano Mineiro do Brasil, o qual teve como auxiliar, quando ainda criança, o bonjesuense Oto Paranhos.
Os originais desse periódico fazem parte da coleção de jornais doados por Pedro Gonçalves Dutra ao Dr. Luciano Bastos, para que este os mantivesse preservados. Com sua disposição natural para compartilhar os conhecimentos sobre sua querida Bom Jesus, e sabedor da raridade e fragilidade de tal acervo, Dr. Luciano Bastos dispôs em livro a transcrição do "Itabapoana" em dois volumes: o primeiro abarca o período de 1º de agosto a 23 de dezembro 1906; o segundo compreende o ano de 1907, de janeiro a agosto.
Prefácio
Esse livro é uma forma de preservar a memória de um tempo em que Bom Jesus, ainda incipiente, dava seus primeiros passos na consolidação de uma cidade nos moldes do novo século XX que se iniciava. O período era a República Velha, e o presidente Rodrigues Alves terminava seu mandato, passando o coargo para seu sucessor, Afonso Penna. As grandes cidades, em especial o Rio de Janeiro, sofriam uma nova política de urbanização, com abertura de grandes avenidas e novas formas de habitação. O transporte ferroviário ampliava suas linhas de comunicação, facilitando a integração de diversas regiões, como é o caso de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, através da The Leopoldina Railway Company Ltd. O Ciclo da Borracha fez com que a região norte do país despontasse no cenário nacional e internacional. Na área da saúde, Oswaldo Cruz, à frente da Diretoria Geral de Saúde Pública, lutava contra diversas moléstias que assolavam o país, como a febre amarela e a peste bubônica.
Toda essa realidade o leitor arguto detectará nas páginas desse jornal de uma pequena localidade do interior fluminense. Dizemos "pequena localidade" porque, é bom lembrar, após a 1ª emancipação, tema do volume 1 desta Coleção, Bom Jesus voltou a pertencer ao município de Itaperuna, permanecendo nessa condição até o ano de 1938, quando conquista sua segunda e definitiva emancipação.
Em "Itabapoana" quantas e quantas famílias bonjesuenses e da região não identificarão seus sobrenomes marcando a construção de nossa história?
E não apenas história, mas também geografia, língua portuguesa, literatura, matemática e biologia, entre outros, são alguns dos diversos aspectos em que se pode abordar o texto que se descortina, sendo um ótimo referencial para professores e alunos desenvolverem em sala de aula.
Também um pesquisador poderá se debruçar sobre essas páginas e encontrar farto material para seu trabalho.
Mas não apenas para a erudição nos convidam "Itabapoana". Há aqui uma singeleza de chistes, troças, quadrinhas, charadas, anúncios e crônicas que denotam o sabor local e que com cer4teza garantem o prazer de uma letura descompromissada voltada para o simples ato do prazer. De ler e viajar no tempo.
O convite está feito!.
Através de alguns anúncios, pode-se detectar a vida social e econômica de Bom Jesus e região nesse período:
A coleção de jornais acima referida faz parte atualmente do acervo do Espaço Cultural Luciano Bastos.
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